Os morcegos são um dos grupos de mamíferos mais amplamente distribuído e diverso do mundo. A variação da ordem Chiroptera pode ser exemplificada por seus hábitos alimentares, quesito em que somente a saprofagia não é contemplada. Essa variedade é verificada também na utilização de abrigos, pois exploram desde abrigos naturais até artificiais. Os abrigos são particularmente importantes, pois é neles que os morcegos passam a maior parte de suas vidas, em pequenos grupos ou em grandes congregações com milhões de indivíduos. As cavernas são os abrigos mais estáveis, e comumente utilizados por grandes colônias. Entretanto, as cavernas desconhecidos quando se trata dos morcegos brasileiros, o que é preocupante devida à elevada diversidade da quiropterofauna brasileira. É necessário conhecer essas grandes congregações cavernícolas, pois grandes agrupamentos biológicos são considerados potenciais indicadores das mudanças climáticas do planeta. Mas essa não é uma tarefa fácil, pois o monitoramento dessas populações é inviável pelos métodos de estimativa tradicionais, como manual ou estimativa pela densidade de indivíduos. Considerando-se o cenário atual da pesquisa com morcegos cavernícolas, a proposta dessa dissertação é explorar questões básicas sobre sua ecologia, como aspectos de sua história natural em monitoramento de longo prazo e respostas às variações climáticas de temperatura, umidade e pluviosidade. Para isso foi necessário desenvolver um método de estimativa automatizada de morcegos, que também será apresentado. O objeto de estudo é a congregação abrigada na caverna “Meu Rei”, no Parque Nacional do Catimbau, Tupanatinga/PE. Esses animais são particularmente interessantes, pois estimativas iniciais apontaram milhares de indivíduos, abrigados em um ambiente climaticamente extremo extremas como a Caatinga. O monitoramento ocorreu entre Outubro de 2014 e Setembro de 2015, com censos mensais no abrigo e coleta de dados climáticos. A congregação apresentou grande variação ao longo do monitoramento, entre 188 e 129074 animais, estimados por um sistema automatizado com erro médio de 20,05±16,88%. Foram registradas oito espécies nesta comunidade, com representantes de cinco guildas alimentares. Algumas das espécies são constantes na caverna, mas outras parecem usar a caverna apenas durante períodos reprodutivos, sendo que sete das oito espécies foram encontradas com indícios reprodutivos. Essa presença pode se relacionar com a estabilidade climática do abrigo em relação ao ambiente externo, evitando-se a influência de alterações climáticas já que a temperatura e pluviosidade nas quinzenas anteriores aos censos influenciaram a abundância no abrigo. Os morcegos ainda influenciam o microclima da caverna, alterando a temperatura e umidade do interior. Esses dados contribuem ao conhecimento da quiropterofauna, demonstrando sua importância na manutenção do abrigo e sua resposta às variações no clima do ambiente. Além disso, o sistema de estimativa apresentado alavanca a introdução de censos automatizados e padronizados de morcegos, com monitoramentos mais precisos. Esse monitoramento é necessário para tomadas de decisões para a conservação dos grupos de morcegos, que são potenciais prestadores de serviços ambientais na área.
Biomonitoramento de uma grande congregação de morcegos no Parque Nacional do Catimbau, Pernambuco
Autoria
TORRES, Jaire Marinho
Data de publicação
25/2/2016
Idioma
Português
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Editor
UFPE
Coleção
Teses e Dissertações