Uma comunidade de morcegos das cavernas de uma região semiárida do leste do Brasil foi estudada durante a estação seca. Uma alta diversidade foi observada, com treze espécies registradas. Com exceção de Micronycteris minuta e Lionycteris spurrelli, esses morcegos também foram encontrados em outras áreas cársticas brasileiras. As espécies mais comuns foram o hematophague Desmodus rotundus, o onívoro Carollia perspicillata e o insetívoro Natalus stramineus. Os morcegos formaram colônias itinerantes, movendo-se com frequência dentro da caverna. L. spurrelli já era conhecida na Amazônia, geralmente associada a florestas perenes. O registro atual estende seu alcance 1.600 km ao sul. Uma distribuição disjunta explica alguma diferenciação morfológica entre as populações das cavernas da Amazônia e Olhos d’Água. Este último pode ser uma relíquia da antiga vegetação florestal contínua, que se fragmentou após o ótimo climático. A dispersão pela galeria da mata do Cerrado também é possível.
A cave bat community from a semiarid region in eastern Brazil was studied during the dry season. A high diversity was observed, with thirteen species recorded. Except for Micronycteris minuta and Lionycteris spurrelli, these bats were also found in other Brazilian karstic areas. The commonest species were the hematophague Desmodus rotundus, the omnivore Carollia perspicillata, and the insectivore Natalus stramineus. The bats formed itinerant colonies, moving frequently inside the cave. L. spurrelli was previously known from Amazonia, usually associated with evergreen forests. The present record extends its range 1600 km to the south. A disjunct distribution explains some morphological differentiation between Amazonia and Olhos d’Água cave populations. The latter may be a relict of former continuous forest vegetation, which has been fragmented after the climatic optimum. Dispersion through the Cerrado forest gallery is also possible.