Por Bernardo Menegale Bianchetti (Conselheiro Técnico Nacional da Seção de Espeleorresgate da SBE)
O resgate de acidentados em ambientes de cavernas, o espeleorresgate, é um dos mais difíceis e técnicos resgates existentes no mundo. Geralmente ocorre em locais remotos, de difícil acesso e com diversos obstáculos a serem vencidos, tais como as faltas de luz, de meios de comunicação e de localização (GPS) e de maneiras que possam acelerar o processo de extração de uma vítima (uso de carros, helicópteros, etc), além de fortemente susceptível às intempéries meteorológicas e de possuir diversos desafios morfológicos (desníveis abruptos, passagens estreitas, rios, lagos, desmoronamentos, etc.
Atualmente, a SBE conta com a SER, a Seção de Espeleorresgate, que possui resgatistas voluntários e instrutores formados pelo Espeleo Socorro Francês (SSF – Spéléo Secours Français). Apesar de incipiente, a SER possui atuação em todo o país (subdividida em macrorregiões), tendo por objetivos a prevenção de acidentes, a formação de espeleorresgatistas (quadro pedagógico) e a atuação em caso de necessidade (quadro operacional). Atualmente, o poder público é responsável pela execução de um resgate em cavernas no Brasil (bem como em qualquer outro local). Deste modo, o quadro operacional da SER se colocará a disposição dos responsáveis para cooperar no que puder para o efetivo sucesso do resgate, estando preparada para dispor desde voluntários e equipamentos à gestão da atividade.
Contexto geral de um espeleorresgate
Caso requisitado auxílio do poder público, o Conselheiro Técnico (CT) tomará as decisões necessárias para o bom andamento da operação. Este contará com resgatistas treinados nas seguintes especialidades:
- Equipe de gestão: Auxiliará como secretariado do CT, tomando nota de tudo o que o corre e auxiliando a organização administrativa da operação.
- Equipe de assistência à vítima (ASV): Um dos grandes diferenciais do espeleorresgate, é uma equipe altamente especializada cuja missão é fazer o pronto atendimento à vítima, estabilizando-a e/ou melhorando seu quadro até que todos os sistemas para sua extração estejam prontos. Para tal, deverá chegar o mais rapidamente possível à vítima, fazer os primeiros socorros e instalá-la em um “ponto quente”: um lugar limpo, confortável e aquecido, acolhendo e isolando a vítima do ambiente hostil da caverna. Esta equipe acompanhará a vítima até a saída da caverna.
- Equipe de comunicação: Equipe responsável por instalar os rádios que permitirão ao PC ter uma visão externa e ampla da operação, determinando o que deve, quando e onde ser realizado, bem como saber tudo o que se passa com as equipes subterrâneas. Sem esta equipe, o resgate seria apenas a extração não organizada de uma vítima da caverna.
- Equipe de evacuação: Equipe responsável por portar a maca ao longo da caverna. Devido ao grande esforço desta tarefa, esta geralmente conta com um número generoso de resgatistas.
- Equipes técnicas: Para transpor obstáculos mais difíceis ou perigosos, terá por tarefa equipar a caverna com sistemas de cordas que permitam a retirada do acidentado da caverna de modo seguro.
Para fazer parte desta estrutura, é necessário participar de um dos cursos anualmente promovidos por esta entidade e demonstrar interesse.
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