A bibliografia que refere as formas que se desenvolvem em rochas carbonatadas tem tendência a dar destaque às chamadas formas maiores do carso (dolinas, uvalas, poljes e formas fluvio-cársicas), prestando menos atenção às formas de dissolução ditas menores compostas pelas formas lapiares ou lapiás. neste campo a bibliografia escrita em português não constitui excepção. Daí a opção da escolha deste conjunto de formas entre o vasto leque das formas cársicas, para além do facto de serem estas formas, de dimensão mais reduzida, aquelas que evidenciam melhor a existência de processos de dissolução activos à superfície e que contribuem de maneira decisiva para o funcionamento hidrológico do carso subterrâneo. a maior parte das classificações dos lapiás são essencialmente descritivas, privilegiando a morfologia (formas e microformas), o que conduz a uma multiplicação dos termos, atribuindo um papel secundário à génese e aos processos ligados à sua formação. tentou-se, assim, construir uma metodologia de classificação dos lapiás, e correspondente tipologia das formas, que, partindo dos processos de formação, acrescenta o tipo de cobertura e a morfologia. individualizam-se três grandes conjuntos de lapiás: i) aqueles em que o processo dominante (associado à dissolução) se relaciona com a escorrência superficial da água; ii) as formas lapiares formadas pela acção conjunta da escorrência e da dissolução controlada por factores estruturais; iii) os lapiás com origem fundamentalmente bioquímica, resultantes da acção da dissolução (por permanência da água em superfícies deprimidas) e dos organismos vivos.
odrigues, M. L. (2012). Classificação e tipologia dos lapiás. Contributo para uma terminologia das formas cársicas. Finisterra, 47(93). https://doi.org/10.18055/Finis1305